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Mostrando postagens de junho, 2019

O sindicato do futuro: a transição (II)

Link PDF   Clemente Ganz Lúcio [1]              O Sindicato do futuro depende de ações e estratégias do movimento sindical no curto e no médio prazo, nesse contexto de profundas mudanças no sistema produtivo e nas relações de trabalho. Um caminho é promover alterações na organização, no patrimônio, na administração, nos serviços e nas formas de representação, nesse mundo ainda conhecido, complexo e desigual, resultante de três revoluções industriais e tecnológicas, em um cenário no qual o ritmo de inovações é vertiginoso. A renovação sindical, no entanto, servirá para este momento em que ainda se vive a transição. Um novo universo irrompe e deverá obrigar o movimento sindical a uma nova e mais intensa transformação. Estado, empresas, instituições, comunicação e quase tudo o que conhecemos e que envolve trabalho e sociedade passam por mudanças disruptivas, que se aprofundam cada vez mais. As novas formas de produção e de organização engendram também novas relações sociais, impondo outra

Benzinho, assunto de família

Benzinho, assunto de família   link pdf Clemente Ganz Lúcio [1] “Não tenho qualquer outra coisa para ensinar” Osamu, personagem do filme Assunto de Família A família voltou ao centro da política, como mote para os debates ou embates eleitorais, como objeto da ação do governo, como organização administrativa do Estado, como objeto de políticas públicas. Valores, conceitos e preconceitos passaram a circular nos debates e iniciativas. Dois filmes lançados recentemente destacam muitas questões em torno da família e proporcionam oportunidade de uma observação crítica. “Benzinho”, filme nacional dirigido por Gustavo Pizzi, é um deles. Irene é uma empreendedora (vendedora ambulante) que busca uma ocupação assalariada. Klaus, um empreendedor (livreiro) que sonha com um negócio maior. O casal tem quatro filhos e um deles é convidado para jogar na Alemanha. A família vive condições e oportunidades diferentes, sonha, tem um cotidiano de lutas, esforços nos limites impostos pe

A desigualdade é humana e tem cura

A desigualdade é humana e tem cura   Link PDF Clemente Ganz Lúcio [1] A desigualdade social é produto histórico de mecanismos que organizam a produção e a distribuição econômica no mercado capitalista. Há inúmeros institutos que protegem a propriedade privada e os interesses (lucro) dos indivíduos e promovem a acumulação quase infinita de renda e riqueza, intencionalmente distribuída de maneira iníqua pelos critérios institucionais da meritocracia ou de instrumentos de poder que usam força e coerção. O resultado é claro: miséria e pobreza predominam em um mundo no qual todos poderiam viver bem, preservando e renovando os recursos naturais.             Como tem feito anualmente na semana em que ocorre o Fórum Econômico de Davos, na Suíça, a Oxfam (confederação internacional de 20 organizações que trabalham em rede, em mais de 90 países, com a questão da pobreza e das desigualdades) divulgou estudo que mensura as várias manifestações de desigualdade globalmente. “ Bem público

Índice Global de Direitos: o Brasil ladeira abaixo

Link PDF   Clemente Ganz Lúcio [1]                “Nós deveríamos parar de falar de objetivos vagos e [...] irreais tais como direitos humanos, aumento do padrão de vida e democratização” e precisaríamos “nos ocupar de conceitos estritos de poder”, sem que sejamos “tolhidos por slogans idealistas” sobre “altruísmo e benefícios para o mundo”.  George Kennan, Departamento de Estado do EUA, 1948 Citado por Noam Chomsky, em “Quem manda no mundo? ”               A regressão civilizatória acontece no mundo todo, de forma multidimensional. Na essência, as democracias estão sendo controladas e restringidas, por vários meios, para garantir espaço para um novo padrão de acumulação comandada pelo poder do dinheiro.             O sistema produtivo passa por mudanças disruptivas que afetam profundamente o mundo do trabalho, obrigando-o a se adaptar a esse padrão de acumulação. O acordo distributivista do pós-guerra tem sido destruído e o Estado está viabilizando essa estratégia.             Entre 2

O futuro do sindicalismo e o sindicalismo do futuro

O futuro do sindicalismo e o sindicalismo do futuro Link PDF Clemente Ganz Lúcio [1]             Aumenta entre dirigentes, militantes e ativistas sindicais a preocupação sobre o futuro do sindicalismo. Há dúvidas que chegam a apontar para a inexistência desse futuro ou percepções de que o sindicalismo acabou ou está acabando. É um sentimento racionalizado que deriva, em parte, da interpretação dos resultados do ataque sistemático, crescente e agressivo que os sindicatos e os dirigentes vêm sofrendo.             As razões para tudo isso estão relacionadas às transformações do sistema produtivo e do mundo do trabalho, mas também ao individualismo e à meritocracia, que desconsidera a desigualdade de condições, e se colocam como valores gerais. Os sindicatos, como outras instituições, estão sob ataque pesado, ataques cujos propósitos nem sempre são compreendidos. O quadro geral é de dificuldade extrema para o sindicalismo e o contexto é de incerteza. Não à toa, a situação tem ge