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Mostrando postagens de agosto, 2019

Trabalho, sindicatos e negociação estão de volta ao debate. Dois novos grupos discutirão os temas

Link PDF         Clemente Ganz Lúcio [1]   O governo federal anunciou recentemente a reinstituição do Conselho Nacional do Trabalho, órgão tripartite (governo, empregadores e trabalhadores), com a atribuição de propor medidas para compatibilizar proteção do trabalhador e desenvolvimento econômico do país; estimular o diálogo social; melhorar as condições de trabalho; tratar de segurança e saúde do trabalho; produzir estudos e participar de processos de revisão de normas. Ao observar as iniciativas governamentais desde a reforma trabalhista, consubstanciada na Lei 13.467/2017, as várias medidas provisórias que atingem direta e indiretamente o mundo do trabalho, entre outras, depreende-se que vem aí mais uma agenda extremamente desafiadora para os trabalhadores. Mais desregulação da proteção laboral e aumento da proteção às empresas. O que fica cada vez mais claro, com as mudanças que têm sido impostas aos trabalhadores, é que existem concepções muito distintas sobre emprego, trabalho, p

É urgente gestar o sindicato do futuro.

É urgente gestar o sindicato do futuro.   Link PDF Clemente Ganz Lúcio [1]             As empresas estão mudando a estrutura e a organização do sistema produtivo. A propriedade empresarial vai passando para novos acionistas, que estão ávidos pelo máximo lucro. Para isso, terceirizam riscos e custos. Novas tecnologias para a energia, a comunicação e o transporte criam condições inéditas para uma outra concepção de cadeia produtiva, de logística e de localização. O custo hora de um metalúrgico europeu é 25 vezes maior do que o de um metalúrgico argelino.             A inteligência artificial e a internet geram a possibilidade, em velocidade alucinante, de as máquinas ocuparem cada vez mais espaços nas atividades produtivas e passam a transformar em atividades econômicas todas as atividades humanas. A industrialização transforma, potencialmente, todas as atividades humanas em produção econômica e consumo.             Rapidamente, todas as atividades laborais passam a ser medi

Por uma outra reforma trabalhista

Por uma outra reforma trabalhista   Link PDF Clemente Ganz Lúcio [1] A proposta de reforma trabalhista que tramita no Congresso Nacional em alta velocidade impede o debate necessário sobre o sistema de relações de trabalho no Brasil. Há consenso de que é preciso adequar o atual sistema às profundas transformações do mundo do trabalho, mas o modelo proposto está longe de ser unanimidade. Apesar da pressa que parlamentares têm para aprovar essa proposta, é possível afirmar que dá para construir uma outra, na qual haja convergência, prevendo um novo sistema de relações de trabalho centrado na negociação coletiva, com transição pactuada.  Um sistema de relações de trabalho e de direito laboral normatiza e regula a relação entre trabalhador e empregador, trata conflitos, define direitos trabalhistas, tem impacto decisivo sobre a produtividade, além de determinar a partilha dos resultados da produção.  Assim, pode alavancar processos civilizatórios, cujos impactos influenciarão

Precarização, autorizada e legalizada.

Precarização, autorizada e legalizada.    Link PDF Clemente Ganz Lúcio [1] O sistema capitalista está sempre se reinventando. A busca desenfreada pela competitividade – lucro maior, obtido cada vez mais rapidamente - desloca as plantas das empresas para locais onde a relação entre custo do trabalho, salários e produtividade é favorável para o negócio e promove profundas mudanças tecnológicas em todas as áreas de produção de bens e serviços. Onde essa estratégia encontra resistência social e/ou institucional, os donos do capital pressionam para que haja flexibilização absoluta dos contratos, da jornada de trabalho, dos salários e das condições de trabalho, visando criar mecanismos que deem garantias legais para reduzir o custo do trabalho. Quebra-se o poder sindical e a solidariedade de classe. Ao indivíduo-trabalhador é oferecida a liberdade para negociar a precariedade das condições de trabalho. O emprego clássico – aquele com vinculo, em que o trabalhador atua em perío

Proposta da nova previdência ainda tem vários pontos críticos Trabalhadores continuam perdendo muito. Privilégios permanecem

Proposta da nova previdência ainda tem vários pontos críticos Trabalhadores continuam perdendo muito. Privilégios permanecem   PDF Clemente Ganz Lúcio [1]              O projeto de reforma da previdência avançou na Câmara dos Deputados, depois de receber reação contrária de parte da sociedade, em especial dos movimentos sindical e social, que repudiam as inúmeras medidas que transformam a seguridade social e o sistema previdenciário brasileiro. A proposta retarda o acesso à aposentadoria, impondo idade mínima de 62 anos para mulheres e 65 para homens; dificulta ou impede o acesso aos benefícios previdenciários, com o aumento do tempo mínimo de contribuição, em um contexto no qual crescem a informalidade e as ocupações precárias; arrocha o valor dos benefícios e das pensões; cria dezenas de novas regras restritivas. O objetivo principal da reforma, de acordo com o governo, é promover economia de R$ 4,5 trilhões em 20 anos - R$ 1,2 trilhão nos primeiros 10 anos (R$ 120 b

Bravo Barelli

Bravo Barelli   PDF Clemente Ganz Lúcio [1] Todos somos diferentes. Humanos e igualmente diferentes. Há um destino comum, irremediável, que a cada dia se aproxima de todos. Durante a vida, a inteligência e a ciência nos ajudam a fazer o bem, a promover a paz e o amor, a superar desigualdades e a buscar o bem viver. Mas a inteligência e a ciência também são capazes de nos tornar infinitamente estúpidos, ávidos por fazer o mal e a guerra, por destilar o ódio, por reproduzir a pobreza e a miséria, promover desigualdades e injustiças. Quando a estupidez predomina, homens e mulheres se indignam, colocam-se em movimento e lutam contra ela. Mas há homens e mulheres especiais que, diante das inúmeras formas de estupidez, são capazes de enunciar o sentido da justiça, da igualdade e do bem comum. Há ainda homens e mulheres muito especiais porque são capazes de reunir os indignados e uni-los em torno de utopias que indicam o sentido da justiça, da igualdade e do bem com

Economia de Francisco e o movimento sindical

Link PDf Clemente Ganz Lúcio  é sociólogo e diretor técnico do DIEESE  E-mail:  clemente@dieese.org.br O tempo histórico no Brasil e no mundo exige que se mantenha viva uma das mais admiráveis capacidades do ex-diretor técnico do DIEESE, Walter Barelli: a de reunir e unir os diferentes e indignados e apoiá-los para se colocarem em movimento na luta pela utopia da justiça, da igualdade e do bem comum. Barelli foi responsável pela expansão do DIEESE e, em grande parte, pela credibilidade científica por ela conquistada em relação às pesquisas sobre o mundo do trabalho. Um dos grandes desafios, em períodos de urgências, é saber discernir o que é essencial. Ao olhar e ver o outro, a atenção fraterna e solidária indica que o essencial é reunir e unir para se colocar em movimento. É essa essência que, por exemplo, na vida sindical, criou e sustenta o DIEESE nessas seis décadas! O Papa Francisco, movido pelos mesmos propósitos que animaram a militância e a atuação profissional de Barelli, fez,