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Reforma trabalhista: o jogo continua

Reforma trabalhista: o jogo continua   Link PDF Clemente Ganz Lúcio [1] As mudanças promovidas pela Lei 13.467/2017 no sistema de relações de trabalho fazem com que o negociado prevaleça sobre o legislado, mas com o objetivo de reduzir direitos trabalhistas. Com as novas normas, várias formas de contratos de trabalho, de jornada e de condições de trabalho são criadas, permitindo alta flexibilidade e ajuste do custo salarial. A proteção coletiva promovida pelos sindicatos é fragilizada. O trabalhador ficará ainda mais exposto ao poder de mando e de coerção do empregador. Os sindicatos são atacados na representação, no poder de negociação e no financiamento. A Justiça do Trabalho é atada, pois criam-se restrições para que o trabalhador possa acessá-la e maneiras de inibi-lo a procurar essa ajuda. Para as empresas, existem os recursos logísticos, os recursos maquinários, os recursos humanos (como já mostra a terminologia do departamento de RH), entre inúmeros outros. Agora a le

Quem ganha com a desigualdade? (setembro.2017)

Quem ganha com a desigualdade?   Link PDF Clemente Ganz Lúcio [1] A desigualdade social é produto econômico do mercado capitalista. A propriedade privada da renda e riqueza, intencionalmente distribuída de maneira iníqua pelos critérios da meritocracia, é que a garante. A desigualdade aumenta a pobreza e consolida a miséria em um mundo de riqueza crescente para os poucos ricos. Nas décadas de 1980 e 1990, a desigualdade era apresentada como um problema dos países pobres, subdesenvolvidos ou em desenvolvimento. A Europa, por exemplo, consolidava, desde o pós-guerra, o Estado de bem-estar social, no qual combinava uma economia de mercado capitalista, diálogo social para regulamentar as relações de trabalho, sistema tributário progressivo para financiar as políticas publicas universais de proteção social, saúde e educação e para regular as relações sociais de produção e de distribuição. A crise de 2008 acelerou o processo, já em curso desde os anos 1980, de financeirização de

Desemprego e emprego precário: o futuro que está sendo desenhado

Desemprego e emprego precário: o futuro que está sendo desenhado Clemente Ganz Lúcio (diretor técnico do DIEESE) Patrícia Pelatieri (coordenadora de Pesquisas e Tecnologia da Informação) Link PDF             Em 2017, a crise econômica brasileira ingressou no terceiro ano, acumulando perdade 9,1% do PIB per capita e mais de 14 milhões de desempregados, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O país “patina” na recessão, sem conseguir consolidar alguma base que permita reação. As medidas adotadas pelo governo Temer e seus apoiadores, de aprofundamento das políticas de ajuste, desmonte da estrutura produtiva e venda de patrimônio, sustentadas pelo discurso de “Estado Mínimo”, e a aplicação de uma agenda liberalizante, como a das reformas, rejeitada em quase todo o mundo, têm levado a economia brasileira a retroceder a indicadores dos anos 1990, como ocorre com o mercado de trabalho.             Na Pesquisa de Emprego e Desemprego (DIEESE/Seade/

Reforma trabalhista, negociação coletiva e organização sindical Princípios e diretrizes para resistir, inovar, mudar e avançar O contexto – não estamos sós!

Reforma trabalhista, negociação coletiva e organização sindical Princípios e diretrizes para resistir, inovar, mudar e avançar O contexto – não estamos sós! Link PDF Clemente Ganz Lúcio [1] Com este artigo, inicio uma série de textos elaborados a partir de debates e palestras que realizei sobre a reforma trabalhista, buscando formas de sistematizar e contextualizar os problemas e enfrentar o desafio de pensar caminhos a serem trilhados pelo movimento sindical em cenário extremamente complicado. Não é novidade que as dificuldades a serem enfrentadas são enormes. Contudo, a história nos autoriza a pensar que tudo muda o tempo todo; que no jogo social se disputa no presente as possibilidades de futuro; que alternativas se colocam e que tudo está sempre em aberto; que não há resultado definitivo, pois toda derrota pode ser revertida; um ônus pode se transformar em oportunidade; uma dificuldade pode mobilizar a criação de nova força de reação; há possibilidades de se ca

CRISE ECONÔMICA E MERCADO DE TRABALHO NO BRASIL

CRISE ECONÔMICA E MERCADO DE TRABALHO NO BRASIL Clemente Ganz Lúcio Diretor Técnico do DIEESE Fernando Murta Ferreira Duca Técnico do DIEESE artigo em PDF (somente)

Metamorfoses da relação capital e trabalho

Metamorfoses da relação capital e trabalho Link PDF   Clemente Ganz Lúcio [1] Transformações O neoliberalismo induz profundas transformações no capitalismo ao submeter o sistema produtivo, os Estados, as relações sociais e todas as esferas da vida à lógica do capital financeiro, cujo objetivo é o máximo retorno no menor prazo. Um complexo processo econômico, social, político e cultural aprofunda e expande a acumulação de riquezas em escala global, acirrando a concorrência entre as empresas, por meio da combinação entre flexibilidade para alocar a força de trabalho e tecnologia. O sistema produtivo passa a ser subordinado à lógica da acumulação da riqueza financeira e rentista. Os ganhos daqueles que vivem exclusivamente de renda se sobrepõem à estratégia de investimento das empresas, orientando a alocação das plantas empresariais na busca pelo menor custo, com altos investimentos em tecnologia, visando economizar e excluir trabalho humano. As corporações engendram forç

O futuro e o desemprego

         O futuro e o desemprego   Link PDF Clemente Ganz Lúcio [1] O ritmo de fechamento de postos de trabalho diminuiu no primeiro semestre de 2017, com a economia no fundo do poço, após uma queda de mais de 9% do PIB per capita e mais de 14 milhões de desempregados, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A taxa de desocupação ficou em 13,7% no primeiro trimestre deste ano (em 2014, chegou a 6,5%) e em 13% no segundo, primeira queda estatisticamente significativa desde 2014. O mercado de trabalho brasileiro tem quase 104 milhões de pessoas, 90,2 milhões de ocupados ou empregados e outros 13,5 milhões de desempregados.     No desemprego medido pela Pesquisa de Emprego e Desemprego (DIEESE/Seade/parceiros regionais), realizada nas regiões metropolitanas, as taxas continuam altas, mas há alguma diferença no comportamento do desemprego. A RM Salvador apresentou, em junho, desemprego em alta, com taxa de 24,9%; a RM Porto Alegre tem taxa de desemprego