26 milhões de subempregados no Brasil

26 milhões de subempregados no Brasil
Clemente Ganz Lúcio
O ano de 2017 terminou com a notícia de que havia cerca de 26 milhões de subempregados no Brasil. Os dados foram divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC). Mas o que esse número significa realmente?
Para o IBGE, três situações definem os trabalhadores subocupados. Na primeira, estão todos aqueles com 14 anos ou mais, que têm jornada abaixo de 40 horas semanais, em um único trabalho ou em várias ocupações na semana de referência, gostariam de trabalhar mais horas do que efetivamente trabalham e estavam disponíveis para trabalhar mais tempo no período de 30 dias, contados a partir do primeiro dia da semana de referência. Ou seja, é aquele trabalhador que está subaproveitado no mercado de trabalho, pois tem tempo e desejo de trabalhar mais. Esse contingente, no último trimestre, somou 6,5 milhões de pessoas, mesmo ainda sem valer a Reforma Trabalhista, que entrou em vigor em novembro de 2017, permitindo a jornada intermitente.
Na segunda situação estão os desempregados, que buscaram ativamente uma colocação no mercado de trabalho nos últimos 30 dias anteriores à pesquisa. É a força de trabalho disponível, mas que não consegue uma vaga por não haver ocupação suficiente, ou, em menor número, não encontrar uma posição correspondente ao seu perfil profissional. Os desocupados totalizaram 12,5 milhões de brasileiros.
Finalmente, a terceira situação comporta os indivíduos que não procuraram uma vaga no mercado de trabalho nos últimos 30 dias, mas que gostariam de estar trabalhando e tinham disponibilidade imediata para iniciar o trabalho. Esse dado já era captado pela Pesquisa de Emprego e Desemprego realizada pelo DIEESE, Seade, MTE/FAT e convênios regionais e, classificado na categoria de desemprego oculto pelo desalento. Nessa situação, a pessoa para de procurar uma vaga porque não enxerga a possibilidade de colocação profissional, por já ter tentado durante algum tempo, sem conseguir nada, ou por não ter recursos financeiros para seguir buscando trabalho. Os desalentados, ou, como chama o IBGE, a força de trabalho potencial, eram 7,6 milhões no último trimestre de 2017.
A soma das três categorias resultou no total de 26,5 milhões de subempregados. São pessoas que não conseguiram se inserir no mercado de trabalho e, por isso, não contribuíram com a renda de suas famílias, que não se sentiram inseridas socialmente e que ficaram aquém de sua capacidade profissional. Um número alto para um país que esteve em rota de crescimento até 2014 e que, em 2017, teve a economia chegando ao fundo do poço.
Para 2018? Deve crescer o numero de subocupados por jornada insuficiente, uma vez que não se prevê nenhum boom de crescimento econômico e o governo jogou no lixo o instrumento que garantia empregos protegidos e em jornada integral, abrindo espaço para contratações de trabalhadores por poucas horas por semana.


Comentários