Acordamos, é 29 de outubro de 2018.




Acordamos, é 29 de outubro de 2018. Vivos estamos e já velamos os primeiros mortos.
Livres, pelo voto, a nação feriu gravemente a Liberdade e a Democracia.
Majoritariamente, a sociedade escolheu abrir a porta do inferno.
Muitos, em nome de deus, fizeram e farão do ódio, da morte e da repressão suas armas para vencer na política. É a tragédia na história para um novo tempo.
A derrota desse largo campo que voltou a construir pontes e a se unir novamente em torno de valor fundamentais como liberdade, democracia, igualdade, deverá ser compreendida prospectivamente.
Essa derrota pavimenta avenidas para profundas transformações econômicas do sistema produtivo e do mundo do trabalho, disruptivas em múltiplas dimensões para um outro capitalismo e liberalismo. O parto desse outro mundo se fará com as dores da regressividade dos direitos sociais e políticos, condição para impor os custos das novas formas de desigualdade que serão geradas.
Será no luto do presente que lançaremos as sementes da resistência, que brotarão.
Lutar terá o desafio, a cada dia, subjetiva e objetivamente, de ser resignificado.
Amorosamente, indignados e revoltados, reafirmaremos o sentido da vida coletiva, o papel da política, o respeito às diferenças, os valores da igualdade e da liberdade.
Disputaremos o sentido e o conteúdo da disruptura desse outro mundo que está em construção.
Se fizermos tudo certo e a nossa derrota for breve, serão dez anos!
Acertamos muito! Erramos bastante!
Abatidos, abrem-se caminhos para o dilaceramento do nosso campo.
Incrédulos, veremos ruir os direitos sociais e políticos.
Será preciso resgatar a compreensão de que a vida coletiva continua, para além da vida de cada um.
Será preciso inventar as formas contemporâneas das lutas pela igualdade e liberdade.
Será um tempo no qual lutar para preservar as formas de liberdade precede como condição para lutar pela igualdade e justiça.
Levará um tempo para que o sentido contemporâneo da liberdade, igualdade e justiça se tornem, nesse outro mundo, hegemônicos novamente.
Nesse tempo, que passa, a tarefa será defender a liberdade e trabalhar na construção de pontes para reunir e unir um novo campo majoritário.
Por isso, atenção!
Na complexidade do presente há incontáveis contradições e conflitos.
Na complexidade do presente há oportunidades para se voltar a avançar.
Na complexidade do presente há possibilidades diante do inédito.
Na complexidade do presente há o desafio de enunciar a utopia que nos move para um outro futuro do presente.
Na complexidade do presente, abrem-se oportunidades para renovar, inventar, criar e inovar.
Na complexidade do presente, há noite, mas há amanhecer!
Seguiremos juntos e lutando sempre!

Abraço

Clemente Ganz Lúcio

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