Terceirização: regular para mudar práticas


Terceirização: regular para mudar práticas
Clemente Ganz Lúcio[1]

A terceirização atinge um quarto dos trabalhadores assalariados, que ganham menos, trabalhando em jornadas maiores, em precárias condições, enfrentam rotatividade mais intensa, menos segurança e, consequentemente, acabam adoecendo mais.
Muitas empresas terceirizam para reduzir custos. Outras, de prestação de serviço, buscam o ganho fácil e fraudulento, evadindo tributos e não pagando os trabalhadores. A vida de milhões de trabalhadores terceirizados é muito difícil. Empresas sérias são enganadas e acumulam passivos imensos. Essa realidade precisa ser modificada.
Os sindicatos atuam, lutam e milhares de ações lotam a Justiça do Trabalho. Os conflitos ganham contornos dramáticos e há enorme insegurança para empresas sérias, o que afeta negativamente a produtividade.
Uma legislação moderna deveria incentivar um ambiente que eliminasse as péssimas práticas, a fim de favorecer uma conduta decente em relação a emprego, salário, condições de trabalho e proteção sindical.
Infelizmente, a Câmara dos Deputados acaba de aprovar uma lei que autoriza todas as atrocidades citadas aqui, decisão que deve fazer com que elas sejam largamente ampliadas. Sem base social, aumentarão os conflitos e a insegurança. Ainda há tempo para corrigir esse grave erro e produzir uma legislação adequada, com a qual ganhem todos: trabalhadores, empregadores e o país. Ainda dá tempo de mudar o caminho tomado. 


[1]Diretor técnico do DIEESE.

Comentários