Mundo do Trabalho no Brasil: números atualizados Setembro de 2019

Link PDF

 

 

Clemente Ganz Lúcio[1]

 

Vamos atualizar os grandes números do mundo do trabalho no Brasil observando os ocupados e desocupados e as distribuições setoriais e em termos de situação ocupacional. Os dados são do IBGE, resultados da PNAD - PnadC (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) para o trimestre julho a setembro de 2019.

·      A população em idade de trabalhar (quem tem mais de 14 anos de idade) totaliza 171 milhões de pessoas, do total de 210 milhões de pessoas que residem no Brasil. Esse contingente cresceu 0,2% no último ano (+ 294 mil).

·      Cerca de 106 milhões estão ativos no mundo do trabalho - ocupados ou desocupados. Houve aumento de 0,8% no último ano (+ 1.424 mil).

·      O desemprego elevado e de longa duração pressiona muito a busca por uma ocupação. Isso faz com que o aumento da população que procura emprego (0,8%) seja mais intenso que o aumento da população em idade de trabalho (0,2%). A pressão sobre o mercado de trabalho aumenta.

·      A taxa de participação no mercado de trabalho se eleva e está em 62,1%, ou seja, de cada 100 pessoas em idade de trabalhar, 62 ou estão ocupados ou desempregados procurando emprego. Isso significa necessidade de trabalho, busca de renda, quando muitos membros da família vão atrás de alguma alternativa.

·      Os ocupados totalizam 93,8 milhões de trabalhadores e trabalhadoras, resultado do aumento de 1.468[cgl1] mil ocupados no último ano, crescimento de 1,6%.

·      Os desempregados totalizam quase 12,5 milhões, mesmo número no mesmo trimestre de 2018. A taxa de desemprego está em 11,8%. O movimento do desemprego é idêntico ao observado em 2017 e 2018. Desemprego sobre muito no primeiro trimestre do ano e cai lentamente ao longo dos três trimestres seguintes. Para o trimestre encerrado em setembro a taxa de desemprego foi de 11,8% em 2016, 12,4% em 2017, 11,9% em 2018 e, agora está em 11,8%. Um estável alto desemprego.

·      O nível de ocupação está em 54,8. Esse índice já foi de 57,3 (2013), o que significa uma redução de 4,2 milhões a menos de ocupados.

·      Os ocupados estão setorialmente assim distribuídos e com as seguintes variações anuais:

Setor

Participação (%)

Total de Trabalhadores (mil)

Variação anual (mil)

Taxa de variação anual da ocupação

Comércio

 

19

17.633

164

0,9

Administração Pública, defesa, seguridade social, educação, saúde e serviços sociais

18

16.480

227

1,4

Indústria em geral

13

12.054

216

1,8

Informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas

11

10.560

404

4,0

Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura

9

8.511

- 174

- 2,0

Construção

7

6.859

89

1,3

Serviços domésticos

7

6.335

89

1,4

Alojamento e alimentação

6

5.484

118

2,2

Outros serviços

5

5.001

85

1,7

Transporte, armazenagem e correio

5

4870

279

6,1

 

·      Cerca de 33,1 milhões são assalariados do setor privado, com registro em carteira (não considerado o emprego doméstico), sem variação anual.

·      Cerca de 11,8 milhões são assalariados do setor privado sem carteira de trabalho assinada (não considerado o emprego doméstico), aumento de 3,4% no último ano.

·      Cerca de 24,4 milhões são trabalhadores por conta própria, aumento de 4,3% no último ano.

·      Os trabalhadores com vínculos formais totalizam 44 milhões, assim distribuídos:

o   Assalariados do setor privado com carteira, 33 milhões

o   Trabalhador doméstico com carteira, 1,8 milhões

o   Assalariados setor público com carteira, 1,3 milhões

o   Militar e servidor público estatutário, 7,9 milhões

·      Os trabalhadores sem vínculo formal totalizam 18,8 milhões

o   Assalariados do setor privado sem carteira, 11,8 milhões

o   Trabalhador doméstico sem carteira, 4,5 milhões

o   Assalariados do setor público sem carteira, 2,5 milhões

·      Os trabalhadores por conta própria totalizam 24,4 milhões, assim distribuídos:

o   Com CNPJ, 4,9 milhões

o   Sem CNPJ, 19,6 milhões

·      Trabalhadores familiares auxiliares são 2,2 milhões

·      Do contingente de 93,8 milhões de pessoas ocupadas, cerca de 58,5 milhões contribuem para a previdência social, o que equivale a 62,3% do ocupados. De outro lado, 47,5 milhões não contribuem, o equivalente a 37,7% dos ocupados.

O IBGE estima ainda a população subutilizada – que são os desocupados; os subocupados por insuficiência de horas trabalhadas; e os que compõem a força de trabalho potencial, ou seja, que estão fora da força de trabalho, mas que, potencialmente, poderiam trabalhar. De acordo com os últimos dados, são 27,453 milhões de pessoas nessa situação, das quais: 

·      Estão desocupadas 12.515 milhões de pessoas.

·      Encontram-se subocupadas por insuficiência de horas cerca de 7,044 milhões de pessoas.

·      Pessoas fora da força de trabalho, 7,895 milhões, entre os quais estão desalentadas cerca de 4,703 milhões de pessoas.

·      Os empregadores totalizam 4,3 milhões, assim distribuídos:

o   Com CNPJ, 3,5 milhões

o   Sem CNPJ, 0,8 milhão.

Desse universo de 106 milhões, descontados os empregadores, ao declarar que assume o desafio de organizar e representar todos os trabalhadores, o movimento sindical mira cerca de 102 milhões de trabalhadores e trabalhadoras. Em relação ao universo atual de representação - cerca de 44 milhões (assalariados com carteira e estatutários), o salto representaria ampliação de 58 milhões no universo da representação. Um salto ousado, necessário, correto e comprometido com as lutas históricas de um tipo de sindicalismo que tem raiz.



[1] Sociólogo, diretor técnico do DIEESE.

Comentários