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Diálogo sobre o futuro do trabalho

Link PDF     Clemente Ganz Lúcio [1]   As máquinas estarão cada vez mais presentes no futuro da humanidade, por escolhas que poucas pessoas fazem e da qual a grande maioria não participa. Essas decisões colocam potencialmente a tecnologia presente em todas as atividades humanas e as transformam, a tal ponto que a própria humanização – o tornar-se humano, pessoa e cidadão/cidadã ao longo da vida - está em transformação. O trabalho também muda, seja porque as tarefas cotidianas podem contar com o auxílio de cada vez maior de máquinas agora dotadas de inteligência artificial, seja porque a tecnologia está presente em todas as ocupações, transformando os postos de trabalho e as profissões.  A industrialização expande as tecnologias para todas as atividades humanas e transforma as atividades produtivas em todos os setores econômicos. Há um novo mundo produtivo irrompendo na base econômica que ganha rapidamente dominância. O velho mundo coexiste com o novo, mas perde hegemonia. Essas e outra

Reformas e Previdência Social: agenda está só começando!

  Link PDF   Clemente Ganz Lúcio [1]   A previdência social vai tirar R$ 80 bilhões por ano da renda dos aposentados na próxima década. Na seguinte, esse montante mais do que dobrará! Comemoram o governo, o Congresso e quem manda no “mercado”. Arrochados ou excluídos, os novos aposentados serão sacrificados “para salvar o país”, sentindo o bolso vazio e as condições de vida piorarem! A maioria ficará ainda mais pobre. Com isso, a massa de rendimentos será reduzida, haverá menos consumo, a produção das empresas tende a cair e, com isso, também o número de empregos. Quem efetivamente ganha com isso? Vendeu-se a ideia, e parte da sociedade a comprou, de que esse sacrifício era essencial para salvar o país. Uma vez aprovada a reforma da previdência, os investimentos voltariam, a confiança dos investidores reapareceria e o Brasil retomaria o crescimento. Entretanto, agora, o discurso dos defensores da reforma já mudou: “Não é bem assim. A reforma era importante, mas, vejam bem, não é o sufi

Atenção e cuidado: aberta uma agenda trabalhista complexa

Link PDF     Clemente Ganz Lúcio [1]   O Conselho Nacional do Trabalho, órgão tripartite (governo, empregadores e trabalhadores) foi recriado pelo governo federal no âmbito da Secretaria do Trabalho do Ministério da Economia. Esse Conselho tem a atribuição de tratar da proteção do trabalhador, das condições de trabalho, de segurança e saúde do trabalho e da revisão de normas. Complementarmente foi instalado o Grupo de Altos Estudos do Trabalho (Gaet), coordenado pelo ministro do Tribunal Superior do Trabalho, Ives Gandra, que já atuou com o então deputado, hoje secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, na elaboração da reforma trabalhista contida na Lei 13.467/2017. O objetivo do Gaet é propor novas mudanças na legislação trabalhista para continuar avançando nesse caminho já iniciado. O Gaet terá quatro órgãos temáticos que tratarão do seguinte conteúdo: GT 1 - Economia e trabalho: (a) eficiência do mercado de trabalho e das políticas públicas para os trabalhadore

Reforma sindical: com o pé na mina!

Reforma sindical: com o pé na mina!   Link PDF Clemente Ganz Lúcio [1] O governo federal criou o Grupo de Altos Estudos do Trabalho (Gaet), instalado em 30 de agosto e que será coordenado pelo ministro do Tribunal Superior do Trabalho, Ives Gandra, o mesmo que atuou na elaboração da reforma trabalhista contida na Lei 13.467/2017. O objetivo do Gaet é propor novas mudanças na legislação trabalhista para avançar ainda mais na ampla reforma realizada em 2017. Composto por ministros e magistrados da Justiça Trabalhista, o Gaet terá quatro órgãos temáticos, que se reunirão quinzenalmente - o grupo completo se encontrará uma vez por mês. Segundo declaração da juíza do trabalho, do TRT MG, Ana Fischer, no Twitter: “há muito o que ser feito” para simplificar contratações e revisar o modelo sindical brasileiro (Gazeta do Povo, 30/08/19). Deu para entender? O Gaet vai tratar, entre outros assuntos, de segurança jurídica, previdência e trabalho. O fim da unicidade sindical, com o obj

Pesquisa chega ao fim em SP, após 35 anos

Pesquisa de Emprego e Desemprego do DIEESE e  Seade descobriu o que estava oculto PED inovou nas estatísticas do trabalho Pesquisa chega ao fim em SP, após 35 anos   Link PDF Clemente Ganz Lúcio [1]             A crise do petróleo da década de 1970 atingiu em cheio a economia brasileira. No início dos anos 1980, o país sofria com o agravamento de vários problemas, entre eles, carestia e desemprego oculto pelo trabalho precário, situações que os “óculos” das estatísticas oficiais, com lentes inadequadas, não conseguiam revelar.             Entre 1981 e 1983, o DIEESE realizou a Pesquisa de Padrão de Vida e Emprego, ocasião em que toda essa realidade dramática do desemprego, informalidade e precarização do trabalho foi revelada. A PPVE mostrou que as características e dinâmicas das ocupações e do emprego eram muito mais complexas do que outros levantamentos conseguiam apontar. O desemprego era expressivamente maior e tomava formas que não eram captadas pelas pesquisa

O sindicato do futuro será a resposta às complexidades

O sindicato do futuro será a resposta às complexidades   Lima PDF Clemente Ganz Lúcio [1] Um campo de transformações de extensa complexidade vem irrompendo em todo o mundo, independente do contexto político de cada país. Avanços tecnológicos e financeirização global são os alicerces das mudanças. Empregos, ocupações, profissões, a sociedade em geral sentem e sentirão ainda mais os impactos. Na base material de um sistema produtivo em transformação, emerge um mundo do trabalho desconhecido, que obriga sindicatos a se repensarem. O futuro do sindicato depende da qualidade da resposta que a atual estrutura sindical será capaz de dar. A reestruturação dos sindicatos precisa mirar a capacidade de organizar, mobilizar e representar os trabalhadores inseridos nesse outro mundo do trabalho. Essa transformação estrutural ocorre no contexto político e histórico-situacional da cada país, no qual Executivo, Legislativo, Judiciário e demais instituições, nos contextos econômico, social

O sindicato do futuro hoje: o essencial e o urgente

O sindicato do futuro hoje: o essencial e o urgente Link PDF   Clemente Ganz Lúcio [1] “Ao sacrificar o essencial pelo que é urgente, acaba-se por esquecer a urgência do que é essencial”. Edgar Morin É urgente saber distinguir o que é essencial e, ao mesmo tempo, saber tratar adequadamente as urgências. A abordagem que deve ser buscada, para quem hoje atua e quer ser protagonista do futuro, é aquela em que o essencial orienta as estratégias do enfrentamento das urgências. É essencial inventar o sindicato do futuro e é urgente resistir, hoje e agora, aos ataques que visam destruir o movimento sindical e a capacidade coletiva de luta dos trabalhadores. Inventar e resistir são movimentações complementares, se estiverem conectados. A resistência deve incluir a destinação de tempo, dinheiro e trabalho para o investimento na invenção do sindicato do futuro, a ser feita de maneira que consiga animar a própria resistência. O trabalho de invenção é, em certa medida, a const

Trabalho, sindicatos e negociação estão de volta ao debate. Dois novos grupos discutirão os temas

Link PDF         Clemente Ganz Lúcio [1]   O governo federal anunciou recentemente a reinstituição do Conselho Nacional do Trabalho, órgão tripartite (governo, empregadores e trabalhadores), com a atribuição de propor medidas para compatibilizar proteção do trabalhador e desenvolvimento econômico do país; estimular o diálogo social; melhorar as condições de trabalho; tratar de segurança e saúde do trabalho; produzir estudos e participar de processos de revisão de normas. Ao observar as iniciativas governamentais desde a reforma trabalhista, consubstanciada na Lei 13.467/2017, as várias medidas provisórias que atingem direta e indiretamente o mundo do trabalho, entre outras, depreende-se que vem aí mais uma agenda extremamente desafiadora para os trabalhadores. Mais desregulação da proteção laboral e aumento da proteção às empresas. O que fica cada vez mais claro, com as mudanças que têm sido impostas aos trabalhadores, é que existem concepções muito distintas sobre emprego, trabalho, p

É urgente gestar o sindicato do futuro.

É urgente gestar o sindicato do futuro.   Link PDF Clemente Ganz Lúcio [1]             As empresas estão mudando a estrutura e a organização do sistema produtivo. A propriedade empresarial vai passando para novos acionistas, que estão ávidos pelo máximo lucro. Para isso, terceirizam riscos e custos. Novas tecnologias para a energia, a comunicação e o transporte criam condições inéditas para uma outra concepção de cadeia produtiva, de logística e de localização. O custo hora de um metalúrgico europeu é 25 vezes maior do que o de um metalúrgico argelino.             A inteligência artificial e a internet geram a possibilidade, em velocidade alucinante, de as máquinas ocuparem cada vez mais espaços nas atividades produtivas e passam a transformar em atividades econômicas todas as atividades humanas. A industrialização transforma, potencialmente, todas as atividades humanas em produção econômica e consumo.             Rapidamente, todas as atividades laborais passam a ser medi

Por uma outra reforma trabalhista

Por uma outra reforma trabalhista   Link PDF Clemente Ganz Lúcio [1] A proposta de reforma trabalhista que tramita no Congresso Nacional em alta velocidade impede o debate necessário sobre o sistema de relações de trabalho no Brasil. Há consenso de que é preciso adequar o atual sistema às profundas transformações do mundo do trabalho, mas o modelo proposto está longe de ser unanimidade. Apesar da pressa que parlamentares têm para aprovar essa proposta, é possível afirmar que dá para construir uma outra, na qual haja convergência, prevendo um novo sistema de relações de trabalho centrado na negociação coletiva, com transição pactuada.  Um sistema de relações de trabalho e de direito laboral normatiza e regula a relação entre trabalhador e empregador, trata conflitos, define direitos trabalhistas, tem impacto decisivo sobre a produtividade, além de determinar a partilha dos resultados da produção.  Assim, pode alavancar processos civilizatórios, cujos impactos influenciarão