Igualdade entre mulheres e homens: um sonho a mais
Igualdade entre mulheres e homens: um sonho a
mais
Clemente Ganz Lúcio[1]
A construção das condições, oportunidades e situações de igualdade
entre mulheres e homens continua sendo um enorme desafio para a sociedade
brasileira. Um problemão que precisa ser relembrado e enfrentado cotidianamente.
Neste dia 08 de março duas importantes divulgações relembram esse
desafio. O IBGE (www.ibge.gov.br) com “Estatísticas
de gênero” e o DIEESE/Fundação Seade (www.dieese.org.br ou www.seade.gov.br)
publicam “Mulheres no mercado de trabalho metropolitano de São Paulo 2018”.
Os estudo mais uma vez confirmam que as mulheres trabalham mais na
soma da jornada no emprego, nos cuidados da casa e da família; que as mulheres
estudam mais e tem escolaridade mais elevada; que o cuidado dos filhos, dos
doentes e dos idosos é de sua responsabilidade. Tudo isso é mais que os homens,
mas elas ganham menos! Os estudos esmiúçam dados que, ano após ano, repetem que
o problema é muito grave.
Não desanimemos porque a situação já foi muito pior e vem mudando lentamente.
As mulheres lutam e vem acelerando as mudanças, mas encontram múltiplas resistências.
Começando pela casa, seria fundamental que houvesse equilíbrio entre homens e
mulheres nos afazeres domésticos e nas responsabilidades com a educação dos
filhos, com o cuidado das crianças, adolescentes, velhos e doentes. Isso
ajudaria os homens a viverem e a aprenderem com as alegrias e as tristezas da
vida.
No mercado de trabalho a mulher ampliou sua participação nas
últimas décadas, mas esse crescimento estagnou nos anos recentes. A jornada em
tempo parcial é maior entre as mulheres, uma forma de dar conta de todas as
demais responsabilidades familiares. As mulheres trabalham predominantemente no
setor de serviços e são a maioria absoluta no emprego doméstico. A taxa de
desemprego entre as mulheres é maior e a remuneração é menor que a dos homens. Para
as mulheres negras a situação piora em todos os aspectos.
Para a mulher entrar em condições de igualdade no mercado de
trabalho, a oferta de creche, educação infantil e educação básica em tempo
integral é fundamental.
A luta contra a desigualdade entre homens e mulheres é longa e
difícil. Por exemplo: de cada 10 parlamentares, somente 1 é mulher, sendo que
as mulheres são mais da metade da população que vota! São homens quem fazem as
Leis e definem as regras do jogo social. Como mudar?
Os homens são safos na arte de dominar e garantir a desigualdade a
seu favor. Conseguem, por exemplo, transformar aquilo que a natureza delegou à mulher
na divisão da reprodução, em algo de menor importância. Mas o que é fantástico
mesmo, é que a maternidade, o cuidado dos filhos e também dos velhos e doentes,
é um depreciador, intencionalmente naturalizado, do valor monetário da
remuneração do trabalho feminino assalariado, uma forma elegante de dizer: a mulher
se ferra no mercado de trabalho.
Governantes e parlamentares – homens! – tem a cara de pau de
afirmar: a mulher deve se aposentar com a mesma idade dos homens. Irônicos, não
deixam de tirar uma lasquinha: elas não querem a igualdade?
Sem ilusões: os preconceitos também estão arraigados entre os
trabalhadores e perpassam a estrutura e organização sindical. Observe uma
reunião, uma assembleia ou a composição de uma diretoria sindical. Quem fala,
quem manda e quem obedece. A mulher também é menos no meio sindical.
Com certeza absoluta, a luta pela igualdade entre homens e mulheres
é uma afirmação politica central no processo civilizatório. Essa luta começa e
recomeça todos os dias, desde o instante que acordamos e deve constituir os
nossos sonhos, aqueles que temos quando dormimos, e aqueles pelos quais
lutamos, acordados.
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