Os novos desafios sindicais

Os novos desafios sindicais
Clemente Ganz Lúcio[1]
As transformações tecnológicas e na propriedade das empresas estão mudando o sistema produtivo. O estado e as políticas públicas também fazem parte da grande transformação em curso no mundo e no Brasil. A reforma trabalhista e a terceirização são instrumentos poderosos para promover mudanças no mundo do trabalho. O grande desafio é olhar para as próximas décadas e disputar o rumo do que será a economia, a organização da sociedade, o Estado e o trabalho do futuro.
Portanto, o movimento sindical está desafiado a se colocar como sujeito coletivo inovador nesse processo de profundas transformações, construindo a organização da classe trabalhadora que seja capaz de promover movimentos de luta, resistência e criação de novos direitos e de formas inovadoras de proteção laboral e social.
Novas formas de organização e de representação que sejam capazes de produzir capacidade de luta e de inovação política e social diante da inovação tecnológica que trará impactos profundos e extensos no setor privado e público, afetando todos os postos de trabalho e o que conhecemos hoje por profissões.
Os jovens serão aqueles que construirão com o seu trabalho esse novo mundo e, por isso mesmo, devem ser os principais sujeitos mobilizados para promover o novo sindicalismo nesse novo tempo. Eles devem produzir uma nova agenda, construir nova pauta sindical e elaborar novas estratégias de luta e negociação.
A organização sindical deverá considerar a heterogeneidade ocupacional no mundo do trabalho com a ampliação dos empregos no serviços, com a informalidade laboral estrutural, com empregos precários e inseguros. Nesse contexto, o local de moradia é base de organização, assim como uma agenda da proteção e de direitos universais fazem parte central da estratégia de luta.
A estrutura em termos de direções, patrimônios, equipes e profissionais, bem como o financiamento, devem ser reorganizados para que sejam instrumentos de transformações para aumentar a capacidade de luta dos trabalhadores.
Por fim, investir em formação sindical para a qualificação de dirigentes, ativistas e militantes, organizando grupos que desenvolvam competência para compreender a realidade e criar novas formas de organização e luta será fundamental.
Os desafios são muitos e diversos. Não cabem voluntarismos e, muito menos, amadorismo. A luta requer inteligência, visão estratégia e muita capacidade de construir unidade da luta.


[1]Diretor técnico do DIEESE.

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