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Estúpida é a desigualdade

Link PDF Clemente Ganz Lúcio [1]   É comum tratar a desigualdade como um problema da pobreza e dos pobres, afinal são eles que vivem o inferno das causas e consequências. Mas, de fato, a desigualdade é um problema cuja origem está na concentração da renda e da riqueza promovida intencionalmente pelos ricos. Como a guerra ou as mais variadas formas de ódio, a desigualdade é expressão dura e crua manifesta do homem rico, esse ser único no reino animal a promover a desigualdade como virtude, uma estupidez. Em relação à desigualdade, assim como a todas as demais formas de estupidez humana, não cabe nenhum lampejo de tolerância. A desigualdade é enfrentada insistentemente pela Oxfam que é uma confederação internacional de 20 organizações que trabalham em rede, em mais de 90 países. Anualmente denúncia, na semana em que os ricos se encontram no Fórum Econômico de Davos, na Suíça, os graves problemas que vivem os pobres e a escandalosa e crescente concentração de riqueza e renda no mundo. Nes

Geração de emprego continua desafio para 2019 País precisa gerar vagas formais

Link PDF     Clemente Ganz Lúcio [1]   O Brasil é uma das 10 maiores economias do planeta, com população estimada em 209 milhões de pessoas, segundo a Pnad Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Cerca de 170 milhões têm 14 anos ou mais e, desses, 105 milhões compõem atualmente a força de trabalho, distribuída em 92 milhões de ocupados e 13 milhões de desempregados. Estão fora da força de trabalho aproximadamente 65 milhões de pessoas. Em uma década, a desocupação foi reduzida para os menores patamares (6,8% em 2014), porém, em pouco tempo, uma crise econômica aprofundada pela instabilidade política quase dobrou a exclusão pelo desemprego, elevando a taxa para 12,7% em 2017. Entre 2014 e 2016, quase dois milhões dos 92 milhões de postos de trabalho foram destruídos. Em 2018, o número de vagas voltou a aproximadamente 92 milhões. O número de desocupados, no entanto, saltou de 6,7 milhões, em 2014, para mais de 13 milhões, em 2017, e voltou a cair em 2018, qu

Desemprego diminui, informalidade aumenta e qualidade do emprego piora: um novo normal?

Link PDF Clemente Ganz Lúcio [1]   A economia brasileira rasteja depois de passar por uma das mais graves crises econômicas da sua história. O país experimenta a mais lenta saída de uma recessão com um crescimento econômico anêmico em torno de 1% ao ano, inclusive em 2019. Contrária ao insistente otimismo dos agentes econômicos e governamentais, que bradam ao final de cada ano frustrado e no início do ano novo, “agora vai!”, a economia patina. Para os trabalhadores a recessão trouxe novamente o desemprego elevado e de longa duração, a precarização ampliada, a informalidade crescente, o torturante desalento, a insegurança laboral e o arrocho salarial. A situação econômica presente favorece a conformação desse quadro como o novo normal. Essa afirmação parece contraditória em relação aos últimos indicadores do mercado de trabalho que indicam o aumento das ocupações e dos salários, o que tem sido comemorado como indicadores alvissareiros a lastrear uma nova onda de “agora vai, mesmo!”. Vam

Política de valorização do salário mínimo não pode acabar

Link PDF   Clemente Ganz Lúcio [1]   O salário mínimo (SM) é um instrumento econômico fundamental para a promoção do bem-estar social, adotado em dezenas de países e, em muitos, revalorizado por meio de várias iniciativas. O Brasil adota uma legislação do salário mínimo desde 1940.  A Constituição de 1988 define, no artigo 7º, parágrafo IV, que o trabalhador tem direito a um “salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim”. O país está longe de cumprir o preceito constitucional, fato denunciado pelo DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) desde os anos 1950, com a estimativa do salário mínimo necessário para atender a uma família de dois adultos e duas crianças.

DIEESE: 64 anos ajudando a costurar a história do movimento sindical

DIEESE: 64 anos ajudando a costurar a história do movimento sindical Link PDF Clemente Ganz Lúcio [1] A história fazemos todos, juntos ou não, por meio do complexo processo de construção social tecido por incontáveis mãos, a maioria, de gente anônima, e costurada, em grande parte, por fios invisíveis. Há “interruptores” históricos que, acionados, podem liberar ou travar o fluxo de processos sociais. No ano de 1955, houve uma onda de frio muito severa. Entretanto, na política, o clima era quente, com muitas mudanças desde o suicídio de Vargas, ocorrido no ano anterior. Café Filho assumira a presidência e o país enfrentava problemas com a inflação e o déficit na balança comercial. Juscelino Kubitschek (JK) lançara-se candidato à presidência pelo PSD. A UDN e os militares articulavam chapa com Juarez Távora, ex-tenentista. O PTB, partido de Getúlio, constrói naquele ano uma aliança com o PSD e lança a chapa JK/Jango para concorrer às eleições presidenciais. Com apoio do ele

Talvez 2020 será menos ruim

Link PDF   Clemente Ganz Lúcio [1]               A gravíssima recessão de 2014/16 derrubou a economia brasileira e destruiu milhões de empregos. Cinco anos depois há no Brasil, segundo o IBGE, 12,4 milhões de desempregados, 4,2 milhões de desalentados, 12 milhões de trabalhadores assalariados sem carteira assinada, 24,5 milhões de trabalhadores por conta-própria, 24 milhões de subocupados, 65 milhões fora da força de trabalho. A precarização do mundo do trabalho ganhou hegemonia situacional e prospectiva. O que esperar para 2020?             Será um ano no qual a economia brasileira rastejante e semi-estagnada de 2019 se transformará em um baixo crescimento em 2020! Nessa dinâmica e dada as características do crescimento em curso, há um estoque monumental de passivos econômicos e sociais que ficam cada vez mais distantes de serem superados.             No mundo do trabalho haverá o aumento de empregos formais de baixa qualidade com salários ruins, emprego intermitente e com jornada par

MP 905: é preciso rejeitá-la por inteiro Medida rebaixa direitos do trabalhador

Link PDF           Clemente Ganz Lúcio [1]   Mais uma vez, o presidente da República se utilizou de Medida Provisória (MP) para introduzir uma série de alterações na legislação trabalhista e rebaixar direitos assegurados pelos trabalhadores ao longo da história.  A edição da Medida Provisória 905 - que trata de uma salada de questões e de diversos aspectos normativos, com destaque para a instituição do contrato de trabalho verde e amarelo – descaracteriza esse tipo de instrumento, que, por definição, tem força de lei e é destinado a produzir efeitos imediatos sobre assunto único e específico, de caráter urgente e relevante, sem jamais ferir preceitos constitucionais.  Se o governo considera importante tratar das questões contidas na MP, alterando conteúdos, regras e normas legais que regem os múltiplos temas do mundo do trabalho, o procedimento correto seria o envio de projeto de lei ao Congresso Nacional, demandando desse órgão constitucional a análise cuidadosa do mérito de cada um d

PIB caraminguá

Link PDF   Clemente Ganz Lúcio [1] No terceiro trimestre, o fluxo da produção econômica (oferta) e do consumo (demanda), medido pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)   através da variação do Produto Interno Bruto (PIB), teve aumento de 0,6% em relação ao segundo trimestre de 2019. Festejam os analistas do mercado (aqueles que falam em nome dos donos do Brasil) e o governo os 11 trimestres sem resultado negativo, mesmo que em dois o resultado tenha sido 0% e, em outros dois, ficado em 0,1%. E comemoram porque precisam justificar o que fazem, como se estivesse tudo sendo um sucesso. Mas está dando certo, mesmo? (veja Síntese de Indicadores DIEESE – Algumas considerações sobre os resultados do PIB no 3º trimestre de 2019, disponível no site  www.dieese.org.br ). Bem, depende para quem. O setor da construção civil puxou parte do crescimento, depois de cinco anos em queda (tombo de 30% em relação a 2014). Esse resultado decorre do aumento da construção de habitação par