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O que esperar de 2019?

O que esperar de 2019? Link PDF Clemente Ganz Lúcio [1] As urnas elegeram um projeto econômico desconhecido, que não foi apresentado. Poucos sabem que o presidente eleito, Jair Bolsonaro, está alinhado com interesses que pretendem implantar uma profunda reorganização do sistema produtivo, do Estado, das políticas sociais e do sistema de seguridade, entre outras mudanças. Com o desconhecimento da agenda, parte do país tem esperança, o que dá força ao governo eleito. Para a área econômica, o mercado deve ocupar o maior espaço possível, garantindo todas as possibilidades de negócio privado. O Estado deve ser forte para assegurar as regras justas para a livre competição entre capitais e apoiar a concorrência global, com cada país priorizando, na divisão internacional do trabalho, as próprias vocações (a aptidão brasileira é primário exportadora!). O que está por trás é a maximização do lucro, em tempo cada vez menor, para distribuição a acionistas, em uma economia integrad

O DIEESE do futuro

O DIEESE do futuro Link PDF Clemente Ganz Lúcio [1] Preocupada com o futuro, grande parte do país vive um presente denso, por causa do horizonte nebuloso. Esses tempos exigem que se desenvolvam novas propostas, narrativas. A vida não para nem espera. Segue! A luta tem que continuar.  Amanhã, 22 de dezembro, o DIEESE completa 63 anos. Ao longo dessa jornada, muitas atribulações, dificuldades, desafios, mas também conquistas, mesmo nos momentos mais adversos. Com o movimento sindical, a entidade trilhou caminhos e batalhas diversos. Resistência e avanços. E o seguir adiante de cada período respondeu, em cada contexto histórico específico, a complexidades e desafios particulares. Estamos vivos! E essa trajetória longa, com seus percalços, gerou vitalidade e a capacidade propositiva que nos fizeram chegar até aqui. Para seguir, o sexagenário DIEESE se coloca hoje diante do desafio de planejar o próprio futuro. Como no passado, será preciso fazer escolhas olhando para frent

Na Espanha construiu-se um novo acordo, agora com perspectiva social (parte 2)

Na Espanha construiu-se um novo acordo, agora com perspectiva social (parte 2) Link PDF Clemente Ganz Lúcio [1] O governo espanhol e os partidos políticos que formam o grupo confederado  Unidos / Podemos / En Marea / En Común Podem promoveram uma guinada política à esquerda na Espanha, com a construção de um acordo para encaminhar o Orçamento Geral do Estado para 2019. Na diversidade, os partidos construíram uma unidade para mudar a forma de agir em relação ao governo e realizar um diálogo capaz de produzir compromissos que reorientem a estratégia de desenvolvimento econômico e social daquele país. A seguir são destacados aspectos da mudança, que lembram muito o recente passado brasileiro. 1 - Atualmente, o salário mínimo espanhol é de 736 euros, pagos em 14 parcelas (valor anual de 10.304 euros). Pelo acordo, em 2019, passará para 900 euros (12.660 euros anual), aumento de 21%, o maior da história! Em 2020, deve subir para 1.000 euros (14.000 euros anual) - mais 11% de au

O projeto de reforma da Previdência retarda, limita, arrocha e exclui

O projeto de reforma da Previdência retarda, limita, arrocha e exclui Link PDF   Clemente Ganz Lúcio [1] A Comissão Especial da Câmara dos Deputados que trata da Reforma da Previdência Social iniciou os trabalhos de análise e deliberação sobre o Projeto da PEC 287 encaminhada pelo governo federal. Nesta semana o DIEESE, junto com as Centrais Sindicais, esteve naquela Comissão debatendo os impactos das mudanças paramétricas propostas no projeto do governo. Nossa exposição está no site da TV Câmara e os nossos estudos disponíveis no site do DIEESE (dieese.org.br). Afirmamos que um projeto de reforma da previdência social deve promover a proteção universal de todos os brasileiros na velhice. A universalização da proteção deve ser garantido pela previdência social para quem conseguiu atingir as regras de idade e contribuição ou pelo recebimento do benefício assistencial para quem não atingir a situação acima. A proteção previdenciária e assistencial na velhice deve ser complem

Espanha: um novo acordo com perspectiva social (parte 1)

Espanha: um novo acordo com perspectiva social (parte 1) Link PDF Clemente Ganz Lúcio [1] Atenção! Há uma novidade importante na Espanha: foi  celebrado um acordo inédito nas duas últimas décadas que recola o trabalho e a perspectiva social como eixos estruturantes e estratégicos para o desenvolvimento. Comecemos pelo contexto anterior ao acordo (parte 1). A Espanha enfrenta há décadas graves problemas econômicos que resultaram em recessões e crônico de desemprego. Inúmeras iniciativas flexibilizaram as relações laborais, os direitos sociais e fragilizaram os sindicatos.             A reforma trabalhista espanhola, que vem acontecendo nas duas últimas décadas, foi revisada e ampliada em 2012, quando a economia do país enfrentava a segunda recessão em 10 anos. Seguindo o mesmo receituário aplicado desde 2008 para flexibilizar o mercado de trabalho em muitos países, a reforma laboral espanhola tratou de tirar incentivos à criação de postos de trabalho temporário (elevou

Reforma trabalhista completa um ano, com muitos retrocessos Nova legislação não criou empregos Trabalhador ficou mais desprotegido

Reforma trabalhista completa um ano, com muitos retrocessos Nova legislação não criou empregos Trabalhador ficou mais desprotegido Link PDF   Clemente Ganz Lúcio [1] “Todas as manhãs, a gazela acorda sabendo que tem que  correr mais veloz que o leão ou será morta. Todas as manhãs, o leão acorda sabendo que deve correr mais rápido que a gazela ou morrerá de fome. Não importa se és um leão ou uma gazela: quando o sol desponta, o melhor é começar a correr.” Provérbio africano, citado por Mia Couto em “A confissão da Leoa”. As tecnologias substituem o trabalho humano em todas as áreas da produção e circulação de bens e serviços, destruindo muito mais postos de trabalho do que criando ocupações. A lógica do capital financeiro altera as estratégias de investimento das empresas, com impactos sobre a geração de emprego. A mudança na institucionalidade do mundo do trabalho induz ao acirramento da competição e da concorrência econômica entre indivíduos, empresas e

Salário Mínimo em 2019

Salário Mínimo em 2019 Link PDF Clemente Ganz Lúcio [1] As Centrais Sindicais organizaram as Marchas da Classe Trabalhadora, a partir de 2004, estimulando todo o movimento sindical para lutas por várias reivindicações, entre elas, a implantação de uma política de valorização do salário mínimo (SM). Na negociação com o governo do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, firmou-se um acordo que, em 2011, foi transformado em lei.  A Constituição de 1988 define que o salário mínimo pago ao trabalhador deve ser “fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim”.              Atualmente, o valor do salário mínimo (SM) é de R$ 954,00. Seguindo o critério de reajuste definido em lei, em 1º de janeiro de 201

13º salário deve injetar R$ 211,2 bi na economia do país

13º salário deve injetar R$ 211,2 bi na economia do país Link PDF Clemente Ganz Lúcio [1] Em 2018, a economia do país deve receber mais de R$ 211,2 bilhões, em função do pagamento do 13º salário para aproximadamente 84,5 milhões de brasileiros. De acordo com as estimativas do DIEESE, o montante equivale a 3% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. O rendimento médio adicional por beneficiado é de R$ 2.320, 00. Perto de R$ 139,4 bilhões, ou 66% desse montante, vão para os trabalhadores formais, inclusive os empregados domésticos. Os trabalhadores com carteira são cerca de 48,7 milhões, ou 57,6% dos que receberão o 13º. Os 34% restantes dos R$ 211,2 bilhões, ou seja, cerca de R$ 71,8 bilhões, serão pagos aos aposentados e pensionistas. Considerando apenas os beneficiários do INSS, são 34 milhões de pessoas que receberão o valor de R$ 47,1 bilhões. Aos aposentados e pensionistas da União caberá o equivalente a R$ 11,9 bilhões (4,5%); aos aposentados e pensionistas dos Est

Acordamos, é 29 de outubro de 2018.

Acordamos, é 29 de outubro de 2018. Vivos estamos e já velamos os primeiros mortos. Livres, pelo voto, a nação feriu gravemente a Liberdade e a Democracia. Majoritariamente, a sociedade escolheu abrir a porta do inferno. Muitos, em nome de deus, fizeram e farão do ódio, da morte e da repressão suas armas para vencer na política. É a tragédia na história para um novo tempo. A derrota desse largo campo que voltou a construir pontes e a se unir novamente em torno de valor fundamentais como liberdade, democracia, igualdade, deverá ser compreendida prospectivamente. Essa derrota pavimenta avenidas para profundas transformações econômicas do sistema produtivo e do mundo do trabalho, disruptivas em múltiplas dimensões para um outro capitalismo e liberalismo. O parto desse outro mundo se fará com as dores da regressividade dos direitos sociais e políticos, condição para impor os custos das novas formas de desigualdade que serão geradas. Será no luto do presente que lançaremos

Soluções diferentes para problemas dramáticos

Soluções diferentes para problemas dramáticos Link PDF Clemente Ganz Lúcio [1] Os paradigmas das três revoluções industriais que organizaram a vida moderna estão ficando no passado. Há novos modelos surgindo no cotidiano do mundo da produção e do consumo, o que tem alterado o universo do trabalho, os empregos, os salários, os direitos, a proteção trabalhista e social. As empresas estão mudando de propriedade e de função econômica, priorizando o resultado financeiro. Os estados perdem importância relativa para as empresas multinacionais e grupos econômicos e estes, gradativamente, passam a controlar as escolhas e os destinos das nações. A produção amplia a capacidade de gerar riqueza, mas, de outro lado, os institutos distributivos (organizações e regras) são enfraquecidos, o que faz com que as desigualdades cresçam. Há múltiplas e profundas transformações em curso, muitas ainda invisíveis para a maioria da população, mas que já influenciam o que somos, como decidimos e o que